História de amor


História da Genoveva Pereira dos Santos  e Milton Euclides Pereira Soares

Uma história de amor.

Genoveva, segunda menina a direita na frente, na fila da escola
   Ano de 1940, no pequeno povoado  de Rincão de Santo Antonio, oitavo distrito de Soledade morava Genoveva com seus pais, José Altivo e Maria Eufrasia e seus irmãos, Eduardo, Belinha (falecidos ainda jovens), Ofir, Alão, Odir,   Genoveva era a filha mais velha e ajudava seus pais a cuidar de seus irmãos. Sendo a família muito grande o pai de Genoveva resolveu mudar para um sítio  onde teriam mais espaço para  família. No Sítio Genoveva ganha mais 6 irmãos Dão, Flávio,Gentil, Adão(Bebeto) , Evinha e Cliff.  Com treze anos de idade Genoveva, menina moça, dedicada e atenciosa conhece Milton Euclides, moço bonito, inteligente que surge em sua vida de repente, trazido da cidade por seus tios,  para ser professor das crianças do povoado.  
   Milton Euclides Pereira Soares foi encontrado pelo tio de Genoveva na cidade de Santa Cruz do Sul durante uma viagem de transporte de carga de alimentos.  O tio Ieie costumava fazer viagens pelas cidades transportando cargas de alimentos em sua carroça de terno de cavalos. Numa dessas viagens  encontrou um rapaz muito conhecido na zona pelos seus dons musicais, cantava e tocava violão, o que na época era raro encontrar pessoas com estes dotes. Além disso, era muito inteligente e transmitia sua sabedoria por meio de discursos em bares que andava. Tio Ieie ficou muito impressionado com o conhecimento que Milton possuía,  resolveu convidá-lo para ir  morar no sítio da família, precisava de um professor para as crianças. Milton aceitou, pois necessitava de trabalho e queria refazer sua vida, que após morte de seus filhos e separação, vivia de cidade em cidade sem lugar fixo para morar. Então, pegou seus poucos pertences e seu violão  e subiu na carreta do tio Ieie e foram para o sítio da família Pereira dos Santos.  Chegando lá tio Ieie apresentou Milton Euclides aos seus irmãos, que também gostaram muito dele. Assim organizaram uma sala da casa para que o novo professor começasse a ministrar aulas para as crianças do sítio Alegre.  Genoveva foi levada junto com seus irmãos para a sala de aula. O tempo foi passando e Milton Euclides começou a se interessar por Genoveva, uma paixão começou a aflorar. O interesse por ela foi se intensificando a cada dia que passava.  Genoveva muito tímida, também já estava se sentindo encantada pelo professor.
        Milton Euclides era muito mais velho que Genoveva, isso poderia ser um entrave no romance dos dois. Como era muito despojado, não media esforços para conseguir alcançar seus objetivos, resolveu anunciar aos pais de Genoveva seu interesse por ela, a principio todos concordaram e começaram os preparativos para o casamento. As tias de Genoveva também ajudavam na confecção do enxoval, bordando lençóis e costurando o vestido de noiva. Já estava tudo organizado para o casamento, só faltava a documentação do cartório que Milton Euclides sempre arrumava uma desculpa para não iniciar. Dizia que poderiam casar somente na Igreja, mas o pai de Genoveva fazia questão de casar sua filha na Igreja e Cartório. Já tinham escolhido até a data para os proclames. Chegando próximo da data do casamento Milton Euclides resolveu contar sua verdade para  Genoveva e seu pai, contou que não poderiam casar no cartório, pois já tinha se casado e estava separado, mas amava muito Genoveva e queria contrair matrimônio assim mesmo. O pai de Genoveva, José Altivo, ficou muito bravo e brigou com ele, mandou ele embora de sua residência, dizendo para nunca mais aparecer ali. Genoveva ficou muito triste, e seu pai prometeu enviá-la para um convento em Cruz Alta para ser freira. 
   Nesse meio tempo, a fama de Milton Euclides já se espalhara pelas redondezas, sendo ele alvo de desejo das mulheres, por seu jeito galanteador e beleza física. Também os fazendeiros se interessaram por ele, convidando-o para trabalhar em suas fazendas dando aula aos seus filhos. Euclides aceitou a proposta, pois iria ganhar mais recursos para refazer sua vida. Assim, foi embora morar na fazenda de um desses fazendeiros, onde trabalhou de guarda livro da fazenda e professor. Mas a paixão por Genoveva continuou, e ele não desistiu, insistia para namorá-la.  
 Milton Euclides ficou sabendo que Genoveva ia ser mandada para um convento e resolveu ir ao sítio da família falar com o pai de Genoveva. José Altivo, indignado, expulsou-o de sua residência, não se deixando persuadir pela justificava de Milton Euclides. Também proibiu ele de se aproximar de Genoveva. 
   Mas o destino deste casal já estava traçado, Milton  Euclides não desistiu, enviou um bilhete por meio de uma vizinha  para  Genoveva . Este bilhete continha juras de amor e um convite para fugirem juntos, dizendo a ela que durante a noite fosse até a janela de seu quarto, que ele daria um sinal para ela ir ao seu encontro . Genoveva já estava apaixonada e se deixou levar pelas tentações do amor. A noite chegou, a neve caía lá fora, estava muito frio, Milton Euclides deu o sinal, jogando uma pequena pedra na janela, Genoveva não hesitou em ir, pois seu amor era muito grande. Pulou a janela, e lá estava o professor Milton Euclides com dois cavalos a espera dela, montou no cavalo e juntos fugiram em direção a casa de uma grande amiga dos pais de Genoveva  que os acolheu. Passaram a noite nesta casa e no outro dia foram para a cidade de Soledade na fazenda onde Milton Euclides trabalhava de guarda livros e professor.  Se instalaram na casa de um amigo, trabalhador da fazenda. Durante a noite já estavam se preparando para dormir, após um jantar típico da região aos visitantes, uma bela galinhada, ouviram um barulho de cavalos e alguém chamando. Era o pai de Genoveva com dois  policiais, José Altivo chorava muito dizendo a  Genoveva que sua mãe estava em casa chorando por ela e perguntava porque ela tinha fugido. Genoveva também chorava se sentia envergonhada do que havia feito. Após se acalmarem e conversarem, entraram num acordo, onde José Altivo disse que aceitaria os dois e eles deveriam  se casar. Mas como já estava  muito tarde o dono da casa ofereceu pousada para todos. No dia seguinte, de manhã bem cedo, levantaram e foram embora, todos montados em seus cavalos.
       A viagem foi longa e cansativa, chegaram a noite no local de destino, sítio da família Pereira dos Santos, sítio Alegre.  Foram logo dormir, pois no outro dia iriam  para a cidade realizar o casamento.  O grande dia chegou, Genoveva colocou seu melhor vestido, montou em seu cavalo e junto com seu pai e Milton Euclides foram para a cidade. Chegando lá procuraram o padre para a realização da cerimônia, mas este não queria fazer o casamento, pois teriam que esperar um mês para os proclames.  José Altivo e Milton Euclides não aceitaram e insistiram para que o padre realizasse o casamento  naquele dia, o padre se negava, então Euclides calçou seu revolver na cintura do padre e o obrigou a realizar a cerimônia. Assim, os dois se casaram e voltaram para casa felizes, agora poderiam começar sua história de amor.
   Quando chegaram no sítio, Maria Eufrásia , mãe de Genoveva já havia arrumado um quarto para eles, permaneceriam ali até poderem comprar sua própria casa. Genoveva estava feliz, sendo filha mais velha ajudava sua mãe a criar seus irmãos pequenos, enquanto Milton trabalhava. Também assistia Milton durante as aulas, auxiliando-o como uma verdadeira professora.
    O tempo foi passando e a fama do professor Milton Euclides se espalhava. Recebeu uma proposta para dar aula numa escola no lugarejo chamado Linha Fogo. Um emprego com salário melhor e moradia para sua família. Ele aceitou e a família se mudou para umas peças nos fundos da escola onde Milton Euclides lecionaria. Mesmo morando longe de sua mãe, Genoveva continuava ajudando-a na criação de seus irmãos menores, ia todos os dias de ônibus para o sítio Alegre. 
   O tempo foi passando e a primeira gravidez de Genoveva aconteceu. Em 31 de agosto de 1943 nasce seu primeiro filho, que recebeu o nome de Jair. O parto ocorreu em casa com a ajuda de uma parteira e vizinhas. Todos ficaram felizes com o primeiro filho do casal e primeiro neto de Maria e José, fruto deste grande amor.
     A amizade entre Milton Euclides e José Altivo foi se intensificando pelo fato de ambos terem  idéias parecidas e seguirem as mesmas crenças. Eram praticantes estudiosos da Doutrina Espírita, também atendiam pessoas doentes com receituário homeopático. José Altivo, pai de Genoveva possuía um livro homeopático que servia de base para identificação dos remédios a serem receitados aos seus pacientes. Nesta época, médicos e hospitais eram raros, só existiam nas grandes capitais. As pessoas não tinham recursos para se deslocar até as cidades e buscavam a medicina alternativa. Os dois já haviam curado várias pessoas. Todos que tiveram oportunidade de conhecê-los os admiravam muito pelo sucesso dos tratamentos homeopáticos. A fundação de um Centro Espírita no Sítio Alegre foi uma medida importante para melhor atender as pessoas necessitadas e favorecer a divulgação da Doutrina Espírita por meio de sessões doutrinárias e atendimento fraterno. Para a inauguração do Centro organizaram uma grande festa de Natal, com doces, doações de roupas, alimentos e distribuição de presentes aos pobres. Convidaram todas as pessoas das redondezas, alguns vieram de muito longe. Foi uma festa grandiosa, inesquecível. Todos estavam felizes. O Sítio Alegre nunca recebeu tanta gente.  
     A notícia dos trabalhos na Casa Espírita se espalhou, a fama de Milton Euclides e José Altivo também passou a incomodar algumas pessoas que eram contra o que eles faziam, diziam que curandeirismo era proibido. Foi quando receberam uma carta de intimação do delegado de Soledade para comparecerem à delegacia. Os dois montaram em seus cavalos e se dirigiram a cidade para saber o motivo desta carta. Chegando lá foram presos por trabalharem no Centro Espírita sem terem documentação oficial.
     No sítio Alegre Genoveva e Maria Eufrásia já estavam preocupadas, não sabiam do ocorrido. Como se passaram três dias e os dois não haviam voltado ainda para casa, as duas resolveram pedir para um tio deles, que era Xerife, para ir até Soledade saber notícias. Chegando lá o Xerife conversou com o delegado, que lhe contou o ocorrido, então usou de sua autoridade como Xerife e solicitou a libertação de Milton e José Altivo, pois não tinham provas concretas a respeito da denúncia. O Delegado concordou, pois eles prometerem iniciar as atividades no Centro só após chegar a documentação. E assim o fizeram.
      A notícia da prisão se espalhou, Milton e José Altivo ficaram mais populares ainda, recebendo gente de lugares distantes para solicitar curas. Alguns  até se alojavam no Sítio Alegre para tratamento. Genoveva ajudava, auxiliando na medicação e alimentação dos doentes.
     O tempo foi passando e Milton recebeu um convite para trabalhar no Daer, Departamento de Estradas e Rodagem, que na época construía rodovias em vários locais no Rio Grande do Sul. Ficaria num acampamento nos campos de Soledade, lá ele trabalharia de guarda livros no campo de obras. Como nunca foi de ficar parado num só lugar aceitou a proposta, arrumaram as trouxas e os três, Genoveva, Milton e Jair, partiram de carroça. Chegando no acampamento de obras, encontraram um galpão muito grande, com muitas camas. A família se estabeleceu num canto do galpão com duas peças separadas. Instalaram-se com as poucas coisas que levaram, nem fogão tinham, arrumaram alguns tijolos no chão para poderem cozinhar. A segunda gravidez se fez presente neste momento, Genoveva já estava com 20 anos e Jair 2. Mas, o local onde moravam, o acampamento de trabalhadores, não tinha condições para realização do parto, assim quando chegou próximo do nascimento Genoveva e Euclides foram para  o Sítio  Alegre. Dia 21 de junho do ano de 1945, uma noite fria de início de inverno, nasce uma bela menina de cabelos cacheados e olhos azuis, que recebeu o nome de Sonia.
      A vida de Genoveva não era fácil, mas sua força e garra não a deixavam abater. Cuidava de seus filhos e afazeres domésticos com dedicação.
        Passaram-se quinze dias do nascimento de Sonia, Milton recebeu a visita de um amigo, morador da Linha Fogo pedindo para levá-lo até o Paraná, pois seus parentes estavam lá, tinha conseguido um sítio para ele se instalar com sua família e não sabia como chegar. Milton que gostava de aventura aceitou a proposta, pediu que Genoveva arrumasse tudo que precisasse para a viagem e partiram de carroça. Genoveva e Maria Eufrásia choraram muito no momento da despedida, pela primeira vez iriam ficar tão longe uma da outra. E lá foram eles, para mais uma aventura em família.  
    A viagem foi longa e muito cansativa, foram de carroça até a estação do trem, a mesma ficava muito longe do local onde moravam. À noite paravam e dormiam na própria carroça. Genoveva arrumava uma barraca em cima da carroça para se protegerem do frio.  Após dias de viagem chegaram à estação para continuar a viagem de trem. Com um mês e meio de viagem chegaram  no Paraná, arrumaram outra carroça para viajarem até o local de destino, lugarejo próximo a cidade de Pato Branco.
   Ao chegarem lá, perceberam que o sítio não era o que almejavam, os amigos de Milton se alojaram e arrumaram um lugar para Milton e Genoveva ficarem com seus dois filhos. No início passaram muitas dificuldades, pois não tinham trabalho e o dinheiro havia acabado. Milton saiu a procurar algum trabalho como professor, sua profissão que tanto sabia. Um fazendeiro o contratou para ser professor das crianças da fazenda, também lhe arrendaram um pedaço de terra para poderem se instalar. Era o recomeço de uma nova vida, agora sozinhos, sem a ajuda dos pais de Genoveva.  Receberam  um pedaço terra, mas precisavam construir uma casa, não tinham dinheiro para comprar madeira. Milton e Genoveva conseguiram um serrote grande e juntos derrubaram alguns pinheiros para construir sua casa. As mãos ficaram cheias de calos, o trabalho era árduo. A casa foi montada com madeira bruta amarrada com cipó. A cama era de tarimba e para alimentação recebiam doações dos colonos, pais das crianças que Milton ensinava. Viviam uma vida de colonos, plantavam feijão, abóbora, moranga, melancia e milho para vender e juntar dinheiro para voltar  ao Rio Grande do Sul. A noite Milton saía a tocar violão em festas para conseguir mais dinheiro. Genoveva ficava em casa cuidando de seus dois filhos pequenos, Jair e Sonia.
     Passaram-se três anos e conseguiram juntar um bom valor em dinheiro, então resolveram passear na casa dos pais de Genoveva. Ela costurou roupas de saca para as crianças, Sônia ganhou um vestido novo e Jair uma camisa. Viajaram felizes, agora foram de ônibus e trem e a noite dormiam em hotéis. Na viagem Milton não economizava, dava do bom e do melhor para Genoveva e seus filhos. Ao chegarem no Rio Grande do Sul Milton teve que arrumar emprego, pois não tinha mais dinheiro para o retorno. Voltou a trabalhar no DAER.
     Conseguindo o dinheiro para a viagem, a familia retornou ao Paraná, mas não ficaram lá, venderam tudo que tinham e voltaram para o Rio Grande do Sul. Milton Euclides voltou a lecionar e se estabeleceu numa casa próxima a escola em Gramado dos Francos, distrito de Soledade. Genoveva estava adoentada, havia emagrecido muito, era mais uma gravidez que se aflorava. Sua mãe pediu que Dão, irmão de Genoveva fosse morar com ela para ajudá-la. Assim, dia 4 de abril de 1948 Genoveva começou a sentir as dores do parto. Como a parteira morava longe, Euclides pediu que Dão e Jair fossem  chamá-la enquanto cuidava de Genoveva. Mas as dores ficaram mais fortes e nasceu mais uma menina clarinha, cabelos loiros e olhos azuis. Milton Euclides fez todos os procedimentos e ficaram aguardando a parteira. A menina recebeu o nome de Stela.  Também, neste ano nasceu Terezinha, irmã de Genoveva.
Milton Euclides no CTG Tropeiros da Amizade
    Os anos foram passando, Milton Euclides muito carismático conquistava novas amizades. Seu dom em oratória chamava a atenção das pessoas, o que possibilitou seu ingresso na política. Assim, foi morar em Gramado Xavier a convite do padre da cidade para trabalhar na igreja e cuidar das contas e organização de eventos. A família mudou-se para uma casa próxima a igreja e ali tiveram uma vida melhor, pois Milton Euclides recebia muito bem. Genoveva ficau grávida novamente e nasce mais uma menina, dia 22 de dezembro de 1949, que recebeu o nome de Célia.  Dali a dois anos nasce outra menina, dia 17 de agosto de 1951, a  Gladis. A família estava aumentando, Jair desde seus cinco anos já estudava com o pai e Sonia quando entrou na escola aos 7 anos já sabia ler e escrever , aprendeu  com seu irmão Jair. Mas como nem tudo que é bom dura pouco, Milton Euclides  se desentendeu com o padre por desavenças políticas e teve que sair da cidade, indo morar no Alto do Rio Pardinho na residência de Antonio Schmitt, seu novo patrão.  Se alojaram em um galpão nos fundos da casa do patrão. Milton Euclides trabalhava como guarda-livros para seu Antonio, que era cego.  Ali Euclides começou a trabalhar na Gazeta da cidade, escrevendo noticias.  Mais tarde seu Antonio mandou construir uma casa, próximo a um arroio para a família morar. Nesta nova casa, no dia 21 de janeiro de 1955 a família recebe mais um membro, um menino que recebeu o nome do pai, Milton Euclides. Após o nascimento de Milton, Genoveva ficou muito doente e sua Irmã Odir veio de mudança com seu marido e filho para ajudar Genoveva.
Foto dos primeiros cinco filhos do casal, em Santa Cruz do Sul
  No ano de 1956 a família mudou-se para Santa Cruz do Sul,  na Várzea, pois Jair e Sonia precisavam completar os estudos, freqüentar o Ginásio que só havia na cidade. No ano de 1958 no dia 09 de julho nasceu mais uma menina na família, que recebeu o nome de Dione. Moravam numa casa grande com água encanada. Na frente da casa tinha um arroio e uma ponte pequena. Euclides passou a trabalhar para o Sr Otomar, como gerente da empresa de soja, Moinho Rio Grandense,  sogro do Sr. Arno Schmitt.  Também trabalhava na Gazeta de Santa Cruz escrevia um artigo chamado "Ponta de lança". Mais tarde fundou um programa de rádio que recebeu o nome de Tropeiros da Amizade, fez muito sucesso como locutor de rádio. 
Também restabeleceu o CTG - Centro de Tradições Gaúchas da cidade que estava falido, se tornando patrão do mesmo. Mas as dificuldades ainda continuavam para Genoveva que além de cuidar de seus filhos trabalhava no CTG. Mas mesmo assim não se descuidava da educação religiosa das crianças, juntamente com Milton Euclides foram ao Centro Espírita A Caminho da Luz e inscreveram as crianças na Evangelização, onde freqüentavam todos os domingos pela manhã.

Dança do pau de fita, muito famosa no CTG
Tio Flavio à frente puxando o grupo de dança no CTG.
       Milton Euclides não media esforços na promoção de eventos no CTG, trazia cantores famosos para atração nos bailes, como Dimas Costas e outros. Organizava concurso de mais bela prenda, que fazia sucesso na cidade.  Jair, Stela e Sonia participavam do grupo de danças, a Gladis declamava.  Todos que assistiam se emocionavam com o talento deles. Os pais de Genoveva também moravam em Santa Cruz do Sul e seus irmãos participavam do CTG. 
No ano de 1959, no dia 26 de março eis que nasce mais uma menina de nome Belinha, e no ano seguinte no dia 25 de julho de 1960 nasceu a Eliane. No ano de 1961 a família já residia no Bairro Arroio Grande, onde novamente havia um arroio que passava nos fundos da casa e na frente era a sede do CTG e foi neste local que Genoveva com 35 anos teve o seu último filho, no dia 02 de março de 1961 que recebeu o nome de Ubirajara. A família estava completa. Genoveva e Milton tinham 10 filhos, sendo 3 filhos homens e 7 mulheres. Toda a família trabalhava para o sucesso dos eventos no Centro de Tradições Gauchas. 



No Natal se movimentavam para uma grande festa no CTG Tropeiros da Amizade, tinha presentes e muitos doces que a família produzia. Genoveva armava uma grande árvore de Natal, as crianças ajudavam na ornamentação.                                                                                                                            
           No ano seguinte, 1963, a família mudou-se para a cidade de Candelária onde Milton Euclides foi trabalhar na rádio local e fundou um programa tradicionalista de auditório e juntamente com seus filhos Jair, Sônia e Stela criou o conjunto Os Fronteiristas, Jair tocava acordeom, Euclides violão, Sônia e Stela eram vocalistas e cantavam as músicas de autoria de Milton Euclides e de outros autores, fizeram muito sucesso na rádio em apenas um ano. As pessoas mandavam cartas solicitando músicas e também faziam excursões para assitir ao vivo as apresentações do Trio Fronteirista. 
Trio Fronteirista - Stela, Jair e Sonia
A familia residia no centro de Candelária/RS em um sobradinho. Genoveva montou seu Instituto de Beleza numa rua do centro da cidade com o nome de Demosele. O salão de beleza fez muito sucesso, arrumando os cabelos de senhoras importantes na cidade.  
  No ano seguinte 1963, Sapucaia do Sul tinha sido emancipada e haveria eleição para o segundo prefeito. Milton Euclides foi convidado por Getúlio Falcão, esposo de sua sobrinha Ivone, para trabalhar na política em Sapucaia do Sul, e a família novamente mudou-se. 
       Na cidade de Sapucaia do Sul, residiram temporariamente no Bairro Paraíso, uma pequena casa que Falcão arrumou para a família se instalar provisoriamente. Ali tiveram que se desfazer de grande parte de sua mobília, pois não tinha lugar para colocar. Milton foi trabalhar na política, fazer campanha para o candidato a prefeito da cidade, com promessa de conseguir emprego na prefeitura. O candidato se elegeu, mas Milton nada conseguiu. Depois foram para o Bairro São José, onde na frente da casa havia um arroio e a poucos metros da casa um Centro Espírita. Genoveva levava os filhos para receber as bênçãos do fluido terapia e da Evangelização. Depois a família foi residir no Bairro Jardim, mas foi por pouco tempo, resolveram mudar-se para a cidade de Esteio. E foi nesta residência que Genoveva e Milton Euclides viram sua filha Sônia contrair matrimônio com Getulio, tiveram três filhos, Ricardo, Liliane, Simone, mais tarde veio o Vinícius.  Milton Euclides trabalhava em sua oficina de relógios e Genoveva costurava para fora para ajudar a sustentar a família, foram anos de muitas dificuldades, Jair e Stela também foram trabalhar para auxiliar na despesa da casa. A família retornou para Sapucaia do Sul, mudaram-se novamente para o Bairro São José, onde havia um arroio na frente da casa, nesta época não havia poluição, as crianças podiam brincar nas águas. Genoveva, além de costurar ainda começou a vender Avon para aumentar a renda da família, no ano de 1969 viram três filhos contrair matrimônio, Stela e Luiz Carlos que tiveram quatro filhos, Eder, Gisiane, Alex e Ailson. Jair e Josina que tiveram quatro filhos, Joni, Joir, Jalmir e Jailson. Gladis e Clóvis que tiveram quatro filhos, Clóvis Júnior, Lucio Mauro, Cristiano e Fabiano. Neste tempo Milton Euclides e Genoveva participavam ativamente das atividades na casa Espírita Obreiros da Vida Eterna, Milton Euclides com seu dom eloqüente da oratória, realizava palestras públicas e Genoveva trabalhava na assistência social.  Promovia oficinas de artesato para a comunidade.

Foto oficina de artesanato


A Eliane casou-se com Mauro em 1976, e tiveram seis filhos, Mauro Júnior, Mauricio, Viviane, Mariane , Lílian, Juliete. A Célia casou-se com David em 1979, e tiveram um filho, Ismael. A Dione casou-se com Paulo em 1980, tiveram dois filhos, Fabiano e Camila. E a Belinha casou-se com Lauro em 1981, tiveram três filhos, André, Marcelo e Lisiane. O Milton foi trabalhar em São Paulo e lá se casou com Silvana que já tinha cinco filhos. Neste tempo o caçula Ubirajara adquiriu uma enfermidade (esquizofrenia) que se prolongou por muitos anos. A Dione desencarnou jovem em 1988 com 30 anos. A Belinha em 1994 com 35 anos. E o pai Milton Euclides com 83 anos em 23 de Agosto de 1993.  O Ubirajara com 46 anos em 2008. 
Genoveva fazendo waflas no fogão a lenha.
Estamos no ano de 2010 e Genoveva encontra-se com 84 anos de idade e continua transmitindo aos filhos e agora também aos 33 netos, 42 bisnetos e um tataraneto, muito, muito amor. Nos fins de semana os filhos, netos e bisnetos visitam  Genoveva e ela adora fazer waflas para todos, na forma herdada de sua mãe. Faz até com braço quebrado. Humm que delícia! A história continua...